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Mais uma vez, aqui está ela, a Páscoa.
Peço desculpa a quem estava à espera de ler algo sobre ovos, coelhos e coisas chocolatosas felizes, mas vou falar de algo mais profundo.
Eu sei que não será algo muito aprazível a muita gente falar de Deus quando não acredita em Deus, mas não se preocupem, Ele acredita em vocês na mesma:)
A Páscoa é a celebração da passagem da escravidão para a liberdade. Já o era na altura dos Judeus, que celebravam (e continuam a celebrar) a Páscoa como lembrança da libertação do Povo de Deus da escravidão no Egipto. Já para os Cristãos, a Páscoa deverá continuar a significar exactamente o mesmo, mas desta vez a passagem para a liberdade é espiritual mais do que física, porque Jesus veio mostrar que há muito mais para além daquilo que é físico e palpável.
Há muitas ideias à volta do conceito de Páscoa que gostaria de abordar, mas hoje vou tentar cingir-me apenas a uma: o estado de hibernação em que o mundo cristão ficou no que toca a esta metamorfose que significa a Páscoa.
Se pensarmos bem, a Páscoa é o momento mais importante para os cristãos, porque se Jesus não tivesse ressuscitado seria “apenas” mais um homem fora-de-série. Mas com a ressurreição existe todo um mistério que é importantíssimo pensar (ainda que não se chegue a lado nenhum de conclusões brilhantes, porque pensar por si só já vale a pena!). É essa alegria da ressurreição que nos faz ser cristãos. Ou pelo menos devia…
Ontem lembrei-me duma analogia que acho que faz algum sentido, ainda que seja muito redutora (se não fosse para simplificar também não valia a pena fazer analogias… ).
Podemos ver a imagem de Jesus como a vida de uma larva com três fases:
- Fase de larva – onde temos um homem vivo, alegre, revolucionário, cheio de amor.
- Fase de casulo – onde temos Jesus em sofrimento, a ser renegado, a ser crucificado, a agoniar – o expoente máximo de mártir.
- Fase de borboleta– onde temos a ressurreição de Jesus, mais uma vez alguém revolucionário, cheio de amor, que continua a ensinar, a alegrar todos aqueles com quem se cruza, mas de uma forma indescritível.
E agora vejamos em que ponto está a Igreja (e leia-se Igreja no seu global, porque felizmente vão existindo excepções). Das três fases possíveis, acho que continuamos presos no casulo… a fase menos interessante de todas no que toca à produtividade do amor para com os outros… O “logótipo” da Igreja é Cristo crucificado/morto quando na realidade o que mais seria apropriado, na minha opinião, seria um Deus Vivo, ressuscitado, cheio de amor para dar mesmo depois de ter sofrido terrivelmente.
Ao fim e ao cabo, a Igreja que temos é reflexo dessa fixação no Cristo crucificado, onde parece que ainda não se descobriu a alegria, o humor, a felicidade, a simplicidade, a humildade, entre tantas outras coisas excelentes que parecem passar ao lado… Até porque ainda por cima, quando falamos de Cristo crucificado o significado dessa morte é totalmente diferente daquilo que a maioria das pessoas pensa – Cristo morreu assim por fidelidade a Deus, não porque Deus quis…Morreu na cruz, porque não deixou a sua fidelidade a Deus mesmo sabendo as atrocidades que o esperavam…A morte de Cristo na cruz é importante para percebermos o nosso Deus, não porque ele é sádico, mas porque é um Deus de Fidelidade eterna.
Quando vos desejo uma Feliz Páscoa, desejo-vos que se lembrem que Cristo Ressuscitou (ALELUIA!), que tudo é possível a quem acredita e que por mais terrível que uma situação pareça, enquanto houver amor/fé, haverá sempre a real possibilidade de acontecerem milagres, que mais não são do que sinais da existência de Deus, sinais do amor de Deus.
Feliz Páscoa!
imagem retirada do endereço: http://365jackpots.wordpress.com/2008/03/14/passa-uma-borboleta/